quarta-feira, 18 de maio de 2011

Artificial

Olha como sou feio, desastrado,
Bem cuidado, é certo, mas banal!
Como qualquer alguém também mortal
Bate-me um coração, talvez cansado,
Não frio, como estátua em pedestal.
Com esta má figura e acanhado
E com o coração batendo mal,
A alma triste em negro gradual,
Estou sózinho, estou abandonado,
Como náufrago em pleno temporal!
E ando por aí, desconfiado,
Olhando para todos, no local
Onde passo. De modo casual
Vou caminhando em passo descuidado
Metido em pensamentos, afinal.
Como um autómato, desnorteado,
Absorto, alheio a tudo, informal
Sigo pelo caminho em diagonal,
Arrastando o meu corpo derreado
Como palhaço em pleno carnaval.

. . .

Que pesadelo! Estou mortificado!
Não sou assim, nem este visual
Descrito deste modo original
É meu, não corresponde, foi forjado,
É qualquer coisa de artificial...

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